sexta-feira, 29 de junho de 2007

PARA APRENDEREM UM POUCO DA HISTÓRIA DA CIDADE DE SÁ DA BANDEIRA (LUBANDO) - I

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FUNDAÇÃO DA COLÓNIA DE SÁ DA BANDEIRA A história de Sá da Bandeira começa naquele dia em que D. José da Câmara Leme viu estender-se ante os seus olhos maravilhados o Vale do Lubango. Vinha o então Condutor de Obras Públicas Câmara Leme a realizar o seu plano de escalar a serra com uma estrada que encurtasse o trajecto entre Moçâmedes e a Huíla, fugindo às invencíveis dificuldades do acesso ao Planalto pelas portas difíceis do Bruco. O Vale do Lubango era um paraíso encantado após as securas do deserto do Namibe e as dificuldades tremendas dos precipícios da Chela terrivelmente enrugada. Encontrar agua límpida correndo a sorrir por entre a vegetação viçosa duma bacia hidrográfica abrigada das ventanias pela protecção da serra devia ser para Câmara Leme a sensação mais forte da sua vida. Cresceu-lhe o entusiasmo no peito. Começou a desenhar-se-lhe "um sonho portentoso na fantasia ardente". Com 28 anos de idade punha nos seus pensamentos todo o ardor e entusiasmo da juventude e todo o patriotismo da sua alma dedicada ao engrandecimento de Portugal.
Andava em curso a pacificação do Sul de Angola, cobiçado por nações estrangeiras vizinhas que procuravam lançar nas terras de Angola as sementes da discórdia e da traição quase descarada. Já então a glória começava a nimbar a figura heróica de Artur de Paiva. Estavam em curso diversas tentativas de povoamento dirigido, nomeadamente na Huíla, Humpata, Palanca e Bibala. Tratava-se de implantar uma nova povoação nas terras desabitadas do Lubango. E logo pensou na sua terra natal - a Madeira.
Escreveu ao Governador-Geral Ferreira do Amaral, dando conta do sonho que lhe empolgava a alma. Chegara a uma região maravilhosa para a agricultura. Havia abundância de água para irrigação. Os terrenos eram férteis. O clima apresentava-se duma amenidade incomparável. As serranias bem arborizadas faziam-lhe lembrar a remota Madeira. Todo o conjunto da região parecia-lhe um pedaço das costas mediterrânicas. A ilha da Madeira, superpovoada, poderia fornecer os primeiros contingentes de povoadores. Seria mais uma bela povoação portuguesa em África, uma povoação de grande futuro!
A ideia encontrara o melhor acolhimento da parte do Governo-Geral. Vinha até ao encontro da preocupação governamental de contrabalançar os contingentes boers, emigrados da África da Sul para as terras planálticas da Huíla, com elementos lusitanos que imprimiriam o carácter português às novas povoações. Mas o Governador-Geral lamentava não poder fazer nada para a concretização do sonho daquele funcionário patrioticamente empenhado. A ideia exposta ultrapassava os limites da administração do Governo-Geral. Era da competência do Ministro do Ultramar. Só em Lisboa se podia gizar o projecto dessa povoação por envolver outras parcelas do territ6rio português, que teriam de recrutar povoadores para o Lubango. 0 Governo de Angola. embora visse perfeitamente a viabilidade do projecto, nada podia fazer para a sua realização. Não tinha meios nem poderes. Era o primeiro obstáculo que se erguia contra o sonho de D. José da Câmara Leme. Mas o ilustre funcionário não era homem que desanimasse às primeiras dificuldades. A resposta do Governo-Gcral de Angola só vinha fortificar a sua ideia, pois, no fundo, apoiava a seu projecto. E o simples condutor de Obras Públicas ao serviço do Distrito de Moçâmedes, de área vastíssima e desconhecida, resolve poder o que não podia o mais alto magistrado de Angola. Alegaria a necessidade duma licença graciosa para retemperar a saúde após a realização do seu projecto de vencer a serrania com uma estrada directa à povoação da Huíla. Não teria vencimentos durante uns meses. Mas a concretização do seu sonho de engrandecimento da Pátria valia bem todos os sacrifícios. O mérito alcançado com a construção da rodovia levada a efeito seria com certeza considerado para deferimento da sua petição, que era justa. Não se enganou nos seus prognósticos. Obteve a graciosa sem vencimentos, como era hábito então.
Partiu para Lisboa, depois de novamente expor oralmente o seu sonho ao Governo-Geral. que o continuava a encarar com o mesmo carinho impotente, sem meios nem competência legislativa que lhe permitissem torná-lo realidade. Era indispensável transporta-lo ao Governo Central e acompanhar de perto o resultado de todas as diligências. Chegado à Capital da Nação, Câmara Leme bateu às portas do Ministério da Marinha e Ultramar, cuja pasta era então sobraçada pelo grande escritor e jornalista. orador, dramaturgo e historiador Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, no último Ministério sob a presidência de Fontes Pereira de Melo.
Pinheiro Chagas dedicava ao Ultramar todo o seu carinho e inteligência. Durante os dois anos do seu Ministério, conseguiu estabelecer comunicações telegráficas por cabo submarino entre a Metrópole e Angola; iniciar a construção dos caminhos de ferro de Luanda; criar os serviços de abastecimento de agua a Luanda: desenvolver o povoamento do interior do Distrito de Moçâmedes - Planalto da Huíla; criar o Distrito do Congo e estabelecer a navegação fluvial do Zaire, além de obras semelhantes nas outras Províncias Ultramarinas.
Era realmente o Ministro de que precisava Câmara Leme. Não lhe foi difícil expor o sonho que lhe enchia a alma. O seu entusiasmo sugeria-lhe palavras eloquentes capazes de empolgar a mente do Ministro tão profundamente empenhado na obra de valorização do Planalto da Huíla.Conseguiu com relativa facilidade o instrumento legal que criava, no Lubango, a "Colónia de Sá da Bandeira". Mas imputava-se também a Câmara Leme a responsabilidade de recrutamento, na Madeira, dos elementos da nova “colónia" e a direcção da sua instalação nas promissoras terras da Huíla.
Dificuldades encontrou-as Câmara Leme no Funchal para recrutamento da gente que precisava. As entidades oficiais não lhe prestavam a colaboração leal, que esperava. Por isso não pôde escolher os elementos que desejava. Teve de se contentar com os que lhe deram. Mas não desanimou. Tomou conscientemente sobre os seus ombros o pesado encargo de desbravar as almas e de formar agricultores de homens e mulheres que de lavoura nada ou quase nada conheciam. Já se acostumara em Angola ao ensino de hábitos de trabalho a inteligências mais rudes e viciadas. Todos dispunham de braços e corpos sadios para o trabalho. Forneceram-lhe as verbas indispensáveis para a compra de ferramentas e aquisição das sementes e plantas que tencionava aclimatar. Sabia, por conhecimento pessoal, que a Missão da Huíla sob a orientação do Padre José Maria Antunes. estava a realizar valiosíssimas experiências no campo agrícola. Era um importante ponto de apoio para a sua iniciativa. Daquele Missionário e dos seus colaboradores esperava Câmara Leme não apenas assistência religiosa da nova povoação mas também a prestimosa colaboração agro-pecuária. que evidentemente lhe foi prestada pelo Superior daquela Missão, no qual ardia o mesmo espirito de pioneiro e de patriota. Com 222 colonos, com as alfaias agrícolas que pôde adquirir e com as sementes e espécies vegetais que lhe pareceram mais adequadas, embarcou D. José da Câmara Leme no transporte «Índia». que os deixou em Moçâmedes em Novembro de 1884.
O Governador de Moçâmedes, Sebastião Nunes da Mata, conforme as ordens emanadas do Governo-Geral, deu-lhe as instruções e a orientação indispensáveis para a realização do seu projecto. A travessia do Deserto e a subida da serra foi uma epopeia, em que o Director teve de evidenciar todas as qualidades de chefia e de autoridade. Chegados ao Lubango nas vésperas do Natal, meteram ombros à tarefa urgente de criar uma povoação próspera e desenvolver condições de vida na selva que começaram a desbravar com denodo. Em menos de trinta dias realizaram os trabalhos indispensáveis para fazer a inauguração oficial da "Colónia de Sá da Bandeira", em 19 de Janeiro de 1885. Em 18 de Junho deste mesmo ano embarcou no transporte "África" novo contingente de colonos, cuja selecção já obedeceu a melhor critério. Esta segunda leva de madeirenses chegou ao Lubango exactamente no dia 19 de Agosto de 1885, perfazendo, nesse ano o número global de 428 pessoas.
Os colonos madeirenses instalaram-se no Lubango para se arreigarem definitivamente à terra com todas as tradições e riqueza humana do seu berço natal. Não foi vertiginoso, mas foi seguro o crescimento de Sá da Bandeira que em 1889 era elevada a sede do concelho do Lubango.
Em 15 de Janeiro de 1891, reunia a sua primeira Câmara Municipal, sendo eleito seu primeiro Presidente João Gonçalves de Azevedo.
E o velho Lubango tomou definitivamente o nome de Sá da Bandeira, quando em 1901 foi criado o Distrito da Huíla com sede na vila de Sá da Bandeira, então elevada a essa categoria. Consulta ao "Boletim Municipal da Câmara de Sá da Bandeira, 1971".

1 comentário:

Anónimo disse...

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